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Liebfrauenmilch, o polêmico “vinho alemão da garrafa azul”

Apesar de produzir excelentes vinhos, em especial da casta Riesling, a Alemanha ainda fica à sombra do tema quando falamos em vinhos importados no Brasil. Uma pena, pois apesar de sua produção de cerca de 9 milhões hl ao ano*, a maioria para consumo nacional, os refrescantes vinhos alemães combinam muito bem com o calor das terras tropicais.

Vinhedos na cidade de Rüdesheim am Rhein, na região do Rheingau.

E quando falamos em vinhos alemães, muitos brasileiros ainda os associam ao Liebfraumilch, mais especificamente àqueles da garrafa azul, como o Josef Friedrich. O vinho entrou a preços acessíveis no mercado brasileiro nos anos 70 e 80 e com seu paladar doce, conquistou adeptos (ok, talvez tenhamos uma polêmica aí rsrs).

Mas afinal, que vinho é esse? Liebfrauenmilch (também chamado de Liebfraumilch) é na verdade um tipo de vinho, de característica lieblich (vinho semi-adocicado), mas também é uma denominação de vinhos brancos doces. Sob o nome Liebfrauenmilch, só podem ser utilizadas algumas castas, que no entanto, não podem ser denominadas no rótulo. As variedades utilizadas devem ser Müller-Thurgau, Riesling, Silvaner e Kerner, em ao menos 70%, e o açúcar residual não pode ficar abaixo de 18g/l.

Um atual exemplar de Liebfraumilch em um supermercado na Alemanha.

O açúcar presente no Liebfrauenmilch deriva do chamado Süssreserve, que é, em linhas gerais, a adição do mosto (suco da uva não fermentado), cuja reserva de açúcar é esterilizada para retirar leveduras e evitar fermentação, ou seja, para que não vire álcool, e o sabor se mantenha doce. As regiões produtoras do Liebfrauenmilch na Alemanha são Rheinhessen, Rheingau, Pfalz (Palatinado) e Nahe (no estado de Rheinland-Pfalz, nas encostas do rio Mosel).

As regiões produtoras (Weinbaugebiete) do Liebfrauenmilch, circundadas em azul na imagem: Rheinhessen (pink), Pfalz (turquesa), Nahe (salmão) e Rheingau (verde-musgo). Imagem: Wikipedia

A origem do nome Liebfrauenmilch (em tradução literal, “leite da mulher amada”) vem da Liebfrauenkirche (Igreja de Nossa Senhora) na cidade de Worms. Em meados do século XVIII, das videiras que cresciam ao redor da igreja, sairam os primeiros vinhos Liebfrauenmilch, cujo sabor era diferente do que conhecemos hoje. Até hoje é possível encontrar o Liebfrauenmilch da Liebfrauenkirche, sob o nome Wormser Liebfrauenstift-Kirchenstück.

Igreja de Nossa Senhora, em Worms (Liebfrauenkirche), de onde saiu o nome do vinho. Foto: Wikipedia. Autor: Immanuel Giel

No entanto, o Liebfrau caiu no conceito dos apreciadores de vinhos após um tempo, justamento devido ao paladar doce e até hoje muitos torcem o nariz ao ouvir o nome deste vinho. Aos poucos, sumiu das prateleiras no Brasil e hoje é raramente encontrado no país. Porém, gostando ou não deste vinho, não se pode negar que ele marcou – e até hoje marca – a reputação dos vinhos alemães no exterior.

Vinhos alemães – variedade e poesia

Apesar da má fama deixada pelo Liebfrauenmilch, a Alemanha produz outras variedades que valem a pena a experiência da descoberta. A variedade Riesling é, sem dúvida, a que melhor traduz a poesia dos vinhos alemães, em especial, das regiões próximas ao valé médio do rio Reno. Mas não paramos por aí. Alguns nomes soam diferentes, mas as uvas, certamente lhe säo familiares: aqui, Pinot Noir se chama Spätburgunder, e não deixa a desejar, assim como Pinot Gris (Grauburgunder), entre outras.

Para quem prefere os vinhos tintos e pensa que a Alemanha se limita aos brancos, que tal desbravar a Dornfelder? Uma das mais agradáveis surpresas para quem deseja algo mais “forte”. Nos espumantes, temos o Sekt. E ainda há o Eiswein, o “vinho do gelo”, um presente raro da natureza, que merecia um post só dele.

Tinto, branco, rosé, espumante, Eiswein…são tantas opções deliciosas entre os vinhos alemães, que vão muito além do Liebfrauenmilch

Se você deseja conhecer as regiões produtoras de vinhos na Alemanha, venha conosco em nossas viagens personalizadas e experiências, seja para amantes do vinho, iniciantes, curiosos, ou enólogos.

Nossas experiências vão de degustações, visitas a vinhedos, bate-papo com produtores locais, até mesmo a cursos e atividades com foco no selo VDP.

Viajar para a Alemanha é também a oportunidade de conhecer e se surpreender com maravilhosos vinhos, na terra da cerveja!

*Dados de 2018. Fonte: Instituto Alemão do Vinho https://www.deutscheweine.de/fileadmin/user_upload/Website/Service/Downloads/PDF/Statistik_2017-2018.pdf

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