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Os ovos Fabergé

Os raros ovos feitos com materiais preciosos por Carl Peter Fabergé tornaram-se os ícones de seu trabalho em todo o mundo. No cinema, aparecem como objeto de desejo, como em “007 Contra Octopussy” e “Onze Homens e um Segredo”. Porém, na vida real, a história de Fabergé e sua família renderia também um filme, com ligações com a Alemanha.

No final do século XIX, o crescimento econômico impulsionou a indústria joalheira em diversos países, especialmente na Rússia, sendo conhecida como “a era de ouro” desta arte. Um grande símbolo deste período foi Carl Peter Fabergé, que com seu talento se tornou fornecedor da corte do czar russo e avaliador de tesouros imperiais, além de fornecedor da corte dos reis da Escandinávia, Inglaterra, Grécia, Bulgária e Sião (atual Tailândia).

Carl Fabergé, por volta de 1920. Fonte: Wikipédia. Autor: Jack1956

A família Fabergé, esteve no ramo joalheiro desde Peter Fabergé (avô de Carl), seguido por seu filho, Gustav que abriu sua primeira joalheria, a House of Fabergé, no ano de 1842, em São Petersburgo. Nascido na Rússia, filho de pai alemão e mãe dinamarquesa, Carl frequentou a escola alemã de São Petersburgo, mas sua história na Alemanha se iniciou em Dresden, onde cursou a Escola Comercial de Dresden, e dali seguiu para uma grande viagem pela Europa, conhecendo diversos joalheiros, para se aprofundar na arte desenvolvida pela família. Em Dresden também nasce seu segundo filho, Agathon, em 1862.

Em 1882, Carl assumiu o negócio da família e foi acompanhado por seu irmão Agathon Fabergé. Porém a notoriedade de Carl se deu devido aos seus famosos ovos Fabergé, representando ovos de Páscoa, porém utilizando metais e pedras preciosas.

Estas peças eram apreciadas pela família imperial russa, onde o czar russo Alexandre III, que anualmente presenteava sua esposa com estas joias peculiares, sempre com alguma surpresa em seu interior. Seu filho, Nicolau II, seguiu esta tradição, porém encomendando dois ovos anualmente, um para sua mãe e outro para sua esposa. Fabergé chegou a receber a condecoração de “ourives especial da Coroa Imperial” em 1885.

Apesar da notoriedade dos ovos, a Casa Fabergé também produziu outros objetos, como talheres finos e joalheria. Entre 1882 e 1917, estima-se que a produção tenha chegado a 200.000 objetos. No entanto, em 1917, com a Revolução Russa e onda de confiscos e nacionalização de empresas, o empreendimento de Fabergé não passou a salvo. Os cinquenta ovos feitos para família imperial russa foram roubados pelos revolucionários durante, ao ocuparem o palácio e em seguida executarem todos os membros da família imperial, que ficou conhecido como o trágico fim da dinastia Romanov.

O fim da Casa Fabergé – revolta e tristeza

No ano seguinte à Revolução Russa, a empresa foi tomada pelo comitê dos trabalhadores, sendo nacionalizada e tendo seu estoque confiscado, marcando o fim da Casa Fabergé. Carl Fabergé deixou São Petersburgo com um de seus filhos, em um trem diplomático, reencontrando sua esposa e os outros filhos na Suíça, em 1920. Carl nunca se recuperou do trauma causado pela Revolução Russa e faleceu no mesmo ano, aos 74 anos de idade. Tamanha era sua paixão pelo ofício, que a própria família dizia que Fabergé falecera de tristeza e desgosto.

Os ovos Fabergé se tornaram peças extremamente valiosas e disputadas, sendo objetos de colecionadores. Dos 50 ovos da família imperial, 8 estão desaparecidos e os outros 42 estão espalhados pelo mundo, 10 deles no Palácio do Aresenal de Kremlin.

Em São Petesburgo, há o magnífico Museu Fabergé, no Palácio Shuvalov. Este museu privado foi fundado pelo oligarca russo Viktor Vekselberg, que arrematou por inteiro a maior coleção do mundo de obras-primas de Carl Fabergé de Malcolm Forbes, incluindo 9 dos 40 ovos imperiais.

O ovo imperial “ovo de coroação”, presente no Museu Fabergé, em São Petesburgo. Fonte: Wikipédia. Autor: Miguel Hermoso Cuesta

Para quem está na Alemanha e deseja conhecer de perto a fabulosa arte de Carl Fabergé, em Baden-Baden há outro Museu Fabergé, onde se encontra um acervo que contém mais de 1.500 ítens de coleção privada produzidos por Fabergé. Os itens da coleção incluem uma garrafa de prata rara no formato de coelho e o penúltimo ovo de Páscoa imperial , o “ovo de vidoeiro”.

O penúltimo ovo imperial, o “ovo de vidoeiro”, no Museu Fabergé em Baden-Baden.

O Museu Fabergé de Baden-Baden, conta com joias e ítens produzidos para o cotidiano, como cigarreiras, e objetos criados durante a Primeira Guerra Mundial, além de suas magníficas joias.

Além de poder admirar todas estas peças, há materiais fotográficos exclusivos e documentos originais pessoais que contam mais sobre Fabergé e seus mestres joalheiros.

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