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Ludwig II, criador do “Castelo” Neuschwanstein – O Rei Louco?

Ludwig II, o Rei Louco. Assim ficou conhecido um dos monarcas mais visionários da história da Alemanha, conhecido tanto pela sua paixão e admiração pelas artes mais refinadas, como a música clássica e a pintura, quanto pelo isolamento e obsessão por construir palácios, que despertam rumores sobre sua sanidade mental.

Fato é, que Ludwig II foi um dos monarcas mais importantes para a história da Baviera. Seu legado inclui castelos impressionantes que ainda hoje atraem atenção de pessoas por todo o mundo. Muitos viajantes buscam visitar o Castelo de Neuschwanstein, um dos destinos mais procurados da Alemanha. Além disso, o rei foi parte importante da ascensão de Richard Wagner, um grande compositor clássico.

No artigo de hoje, vamos conhecer mais de perto a história de Ludwig II, o Rei Louco, cuja genialidade transcende o tempo, deixando seu nome marcado na história.

Tempo estimado de leitura: 22 minutos

Infância e formação de Ludwig II

A infância e formação do então Príncipe Ludwig desempenharam um papel de destaque nas decisões que o monarca tomaria ao assumir o trono. Afinal, muitos dos interesses, paixões e visão de mundo de Ludwig II são frutos de suas experiências quando criança, e quando jovem.

Ludwig II

Por isso mesmo, é importante conhecer em maiores detalhes essa parte da história, pois aqui estão as sementes das escolhas que trariam a fama de Ludwig II como O Rei Louco e visionário.

Nascimento e Juventude

Ludwig nasceu em 25 de agosto de 1845 Palácio de Nymphenburg em Munique, no dia do canonizado Luís IX, rei da França e fundador da Casa de Bourbon. Filho mais velho do rei Maximiliano II e da rainha Maria da Prússia, o jovem Ludwig teve um irmão chamado Otto. E ambos receberam uma educação rigorosa, com muita disciplina, focada no dever.

Além disso, os pais do príncipe mantiveram a distância durante sua infância e juventude, entregando Ludwig à govenanta Sibylle Meilhaus, que cuidou do príncipe até os 7 anos de idade. O apego de Ludwig por ela foi tão grande, que ele continuou trocando correspondências com Sibylle, mesmo após o seu casamento.

Incidente em Villa Real em Berchtesgaden

Em sua juventude, o príncipe passava férias de verão em Villa Real em Berchtesgaden e mantinha amizade com o Paul von Thurn und Taxis, filho do príncipe Maximiliano Karl von Thurn und Taxis. No entanto, um incidente levaria Ludwig a nunca mais retornar aquele lugar.

Cidade de Berchtesgaden aos pés dos Alpes, na Alemanha (Image by Robert Loimayr from Pixabay)

Com apenas 12 anos de idade, Ludwig teria exigido obediência de seu irmão mais novo, que se recusou. Como resposta, Ludwig amarrou o irmão e o amordaçou, ameaçando executá-lo. Foi necessário que um oficial da corte intervisse, e o príncipe recebeu um severo castigo de seu pai.

Esse momento o marcou tanto, que ele jurou nunca mais retornar a Villa Real em Berchtesgaden e se distanciou do local.

Ausência Paterna e Materna

Com um relacionamento paterno marcado pela ausência, e pelo rigor que incluia castigos físicos, Ludwig escreveu uma vez, aos 30 anos de idade, em uma carta ao príncipe herdeiro Rudolf da Áustria-Hungria que o pai só o tratava “de cima”, no máximo “de passagem”, e com “algumas palavras graciosas”.

Já Maria, mãe de Ludwig cuidava do filho da forma que podia, mantendo correspondência com ele e comprando brinquedos de presente, quando estava distante, em viagem. Apesar disso, seus compromissos faziam com que ela passasse muito tempo longe dos filhos.

Educação e Influências

Ludwig e seu irmão Otto cresceram isolados de outras crianças de sua idade. Não frequentavam escolas, pois foram educados por professores particulares. E sua educação, além de rigorosa, foi sempre muito conservadora.

Desde pequeno, Ludwig demonstrava um grande interesse por literatura e arquitetura. Ele se divertia especialmente montando estruturas com blocos de construção, criando igrejas, mosteiros e outras edificações imaginárias.

Ludwig demonstrava também grande interesse pelas artes, mitologia e música. Inclusive, aos doze anos, já possuia um grande apreço pela prosa de Richard Wagner. Além disso, desde cedo, sentia uma forte conexão com as obras de Friedrich Schiller.

O príncipe também era muito próximo de seu padrinho Luís I da Baviera, e sempre demonstrou um forte interesse pela França e pelo Rei Luiz XV. Interesses esses, que se refletiriam posteriormente nos detalhes arquitetônicos, decorativos e artísticos dos palácios construídos a pedido do rei Ludwig II.

A Admiração por Wagner

Ludwig nunca escondeu seu apreço pelas obras de Richard Wagner, ele era especialmente apaixonado pelos temas mitológicos que suas óperas tratavam, como as histórias do lendário cavaleiro Parsifal e o Santo Graal.

Richard Wagner (Image by WikiImages from Pixabay)

Após sua ascensão ao trono, Ludwig II, sempre comprometido com a promoção da arte e da cultura, passou a dar apoio financeiro a Wagner, o que foi essencial para o compositor conseguir concluir com sucesso muitas de suas óperas e até mesmo pagar dívidas.

Ludwig e Wagner se conheciam pessoalmente, e até mesmo chegaram a planejar juntos um grande salão de festas no Isar. No entanto, essa relação gerou controvérsias na corte bávara. 

Rumores sugeriam que Ludwig e Wagner mantinham um relacionamento íntimo, alimentados pela correspondência afetuosa entre eles, na qual usavam termos como “Amado” e “Fonte de Luz da Minha Vida”. Além disso, Ludwig foi um forte patrocinador da obra de Wagner.

Com o tempo, as demandas financeiras de Wagner se tornaram cada vez maiores, chegando ao ponto de Wagner ser obrigado a deixar Munique, por causa de um conflito com o governo. 

Na ocasião, diversos funcionários de alto escalão ameaçaram se demitir, caso o rei Ludwig não mudasse sua atitude em relação a Wagner. Além das controvérsias do apoio financeiro e sobre a relação entre o compositor e o rei, Wagner também se envolveu em um escândalo social devido ao seu romance com Cosima von Bülow, filha de Franz Liszt e esposa do maestro Hans von Bülow.

Vale mencionar que Ludwig nunca se casou, embora tenha tido um noivado com Sofia Carlota da Baviera, sua prima, que era a irmã mais nova da imperatriz Isabel da Áustria e filha do duque Max da Baviera. O casamento com Sofia foi adiado diversas vezes, até que o noivado acabou sendo anulado.

O Reinado de Ludwig II

Ludwig II se tornou rei aos 18 anos de idade em 1854, após a morte de seu pai, o rei Maximiliano II, que morreu de forma inesperada. O próprio Ludwig escreveu em 1873, ao olhar para seu passado, que havia subido ao trono muito jovem, sem ter aprendido o suficiente. “De repente, fui arrancado dos meus livros e colocado no trono. Bem, ainda estou tentando aprender …”, registrou o monarca.

Seu governo e sua vida pessoal foram marcados por uma visão romântica da Idade Média, e valores medievais. O rei via a Idade Média como uma era de pureza e nobreza, buscando incorporar esses ideais em seu reinado. 

Essa visão se refletiu em seus projetos arquitetônicos, especialmente no Castelo de Neuschwanstein, concebido não para funções representativas reais, mas como um refúgio pessoal onde Ludwig II podia escapar para um mundo de sonhos inspirado na poesia medieval e nas obras de Wagner.

Principais Marcas de Seu Governo

Ludwig II tinha uma forte inclinação para as lendas arturianas, com especial devoção para o Rei do Santo Graal. No entanto, ele era um monarca, um chefe de estado que possuía muitos deveres e pouca liberdade de ação. Apesar do seu pouco interesse pelo Estado, contudo, seu governo deixou marcas importantes tanto na Baviera, como para a história da Alemanha.

Ludwig II tinha uma forte inclinação para as lendas arturianas, com especial devoção para o Rei do Santo Graal. No entanto, ele era um monarca, um chefe de estado que possuía muitos deveres e pouca liberdade de ação. Apesar do seu pouco interesse pelo Estado, contudo, seu governo deixou marcas importantes tanto na Baviera, como para a história da Alemanha.

Um dos principais marcos foi a Guerra Austro-Prussiana de 1866, na qual a Baviera, aliada à Áustria, enfrentou a Prússia. No entanto, Ludwig foi derrotado nessa batalha, o que resultou em um tratado de não agressão entre a Prússia e a Baviera, comprometendo a independência do estado bávaro.

Mais tarde, aconteceu a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), onde dessa vez, Áustria e Baviera se aliaram e saíram vitoriosas contra a França. Apesar disso, Ludwig foi convencido a apoiar a criação do Império Alemão sob a liderança da Prússia.

Como resultado, Baviera foi anexada como um dos estados do recém formado Império Alemão, ao invés de manter total independência. É verdade que estado bávaro ainda manteve alguns direitos, como o controle do exército em tempos de paz e relativa autonomia em setores como correios e ferrovias. Contudo, tornou-se parte integrante do Império Alemão, liderado pelo imperador Guilherme I da Prússia.

Aversão ao mundo político e reclusão de Ludwig II

Conforme envelhecia, o rei se isolava cada vez mais, preferindo seu próprio mundo de fantasias e ideais cavaleirescas medievais, que o cumprimento de seu dever como rei. Ludwig estava completamente tomado pela ideia de um reino santo pela Graça de Deus. Seu desinteresse pela política era tanto, que a partir de 1875 o rei passou a viver de noite e dormir de dia.

Fato é, que desde o início de seu reinado, o monarca demonstrou pouco interesse pelos assuntos de Estado, preferindo dedicar-se às artes e à arquitetura. Sua aversão pelas obrigações políticas e sociais cresceu com o tempo, juntamente com sua paixão pelas artes e construções.

Palácio Neuschwanstein, construído por Ludwig  (Image by Adam Derewecki from Pixabay)

Ludwig II passou a se ver refletido na figura de Parsifal, o lendário cavaleiro medieval que, por sua pureza e devoção, tornou-se o guardião do Santo Graal. E passava a maior parte do seu tempo, e consumia a maioria de seus recursos, em projetos como o Palácio Neuschwanstein, uma obra que nunca veria terminada, pois morreu antes de sua finalização. 

Recluso em seu palácio, os interesses de Ludwig se voltavam para a música, para as obras de Wagner e seus temas mitológicos, para sua paixão pela Idade Média e ideais de cavalaria, e pela construção de Neuschwanstein.

O Rei Visionário e Seus Castelos

Recentemente, publicamos um artigo sobre o Palácio Neuschwanstein, um local que parece saído de um conto de fadas, e ao qual Ludwig dedicou toda a sua vida, desde que subiu ao trono. Mas, esse não foi o único castelo que o monarca construiu. 

Neuschwanstein – O Castelo dos Sonhos

Palácio Neuschwanstein na Alemanha (Image by Helmut H. Kroiss from Pixabay)

O Castelo de Neuschwanstein foi construído acima do Castelo de Hohenschwangau, que pertenceu ao Rei Maximiliano II. Com inspiração em ideias medievais, nos temas mitológicos da obra de Wagner e no Palácio de Versalhes em Herreninsel, é conhecido como um “castelo de contos de fadas”, com suas paredes claras, altas torres e telhados azuis. Por dentro, o castelo é ricamente decorado, com pinturas inspiradas nas óperas de Wanger cobrindo suas paredes, muito ouro e refinamento.

Neuschwanstein, um local mágico que inspirou Walt Disney a criar o castelo da Bela Adormecida, levou décadas para ser construído. A construção nos Alpes era um desafio por si mesma, devido à localização acidentada, e também ao rigoroso inverno local. Tudo isso exigiu o uso das mais modernas tecnologias da época em construção.

Apesar de sua inspiração medieval, Neuschwanstein foi equipado com tecnologias avançadas para o século XIX. O castelo possuía um sistema de campainhas elétricas, aquecimento central e até mesmo banheiros com descarga automática, demonstrando a fascinação de Ludwig II por inovações tecnológicas.

Palácio de Linderhof

O Palácio de Linderhof, também localizado na Baviera, é o menor palácio que Ludwig mandou construir. No entanto, Linderhof é um local que merece destaque pela beleza, detalhamento e luxo.

Palácio de Linderhof (Image by Igor Levitskiy from Pixabay)

Inspirado pelo Palácio de Marly, residência de Luís XIV, Linderhof foi projetado no estilo “Neorococó” e construído entre 1870 e 1886, refletindo a admiração de Ludwig II pela monarquia francesa e pelo absolutismo. E para refletir a riqueza da corte francesa, o castelo foi decorado com ornamentos dourados, espelhos e tapeçarias.

Mas, o que realmente chama atenção são os jardins que cercam o palácio e o Salão de Espelhos. Os jardins em torno de Linderhof integram terraços, fontes e esculturas que complementam a arquitetura do palácio, com um paisagismo cuidadosamente projetado.

Já o Salão de Espelhos proporciona uma experiência visual única. Afinal, trata-se de uma grande sala projetada com espelhos estrategicamente posicionados, que criam a ilusão de espaços infinitos, amplificando também a luz vindas das janelas e luminárias.

Palácio de Herrenchiemsee

O Palácio de Herrenchiemsee, situado na ilha de Herreninsel no lago Chiemsee, foi uma das obras mais caras construídas pelo Rei Ludwig II. Pois, esse castelo é uma homenagem direta ao Palácio de Versalhes, em mais uma demonstração do apreço de Ludwig II pelo rei francês Luís XIV. 

Palácio Herrenchiemsee (Image by Jürgen from Pixabay)

E o rei não poupou recursos para que Herrenchiemsee refletisse o luxo e o refinamento de Versalhes. Como resultado, o castelo representou um alto gasto financeiro para Ludwig e o governo, tendo sido gastos 16.579.674 marcos alemães na edificação, o equivalente a 70.500.240 (setenta milhões, quinhentos mil e duzentos e quarenta) libras esterlinas ou 80.370.273,60 (oitenta milhões, trezentos e setenta mil, duzentos e setenta e três) Euros.

Esse palácio apresenta uma arquitetura neobarroca, com salões amplos, espelhos e jardins formais que remetem diretamente ao estilo francês do século XVII. Construído para ser mais um retiro do monarca Ludwig II da vida pública, Palácio de Herrenchiemsee foi usado pelo rei uma única vez, por 10 dias no verão de 1985.

Financiamento e Polêmicas

Ludwig II financiou a maior parte de suas obras com sua fortuna pessoal e com os seus recebimentos anuais do Tesouro do Estado, aos quais tinha direito como rei. Apesar disso, os gastos do rei com seus palácios e também com seu patrocínio a Wagner superaram muito os limites que a fortuna real alcançava.

Como resultado, o rei começou a contrair muitos empréstimos, gerando dívidas e preocupação crescente na corte da Baviera, que não via esse comportamento com bons olhos. Pois, os elevados custos associados aos projetos do rei resultaram em um aumento substancial da dívida estatal.

Usando recursos estatais e adquirindo cada vez mais dividas, o Rei Ludwig II se tornou muito impopular entre políticos e membros da elite da época. Soma-se a isso a própria conduta pessoal do rei, como seu suposto romance com Wagner, sua fantasia medieval, crescente reclusão e desinteresse pelos assuntos do governo.

A insatisfação com as políticas de Ludwig II e suas prioridades financeiras levaram há tensões políticas significativas, que, posteriormente, fizeram com que o rei fosse deposto em 1886. Apenas um ano antes, em 1865, os bancos internacionais haviam ameaçado tomar a propriedade do Castelo de Neuschwanstein, o preferido do rei, por não pagamento de empréstimos.

A Polêmica: Ludwig II Era Realmente “Louco”?

Mas, será que o rei Ludwig II era realmente louco? Apesar das acusações de insanidade, e de um diagnóstico de fraqueza mental e psicose paranoica, terem sido decisivos para que o rei fosse deposto do governo em 1886, a verdade é que existem dúvidas sobre a loucura do rei até os dias de hoje.

Acusações de Insanidade

O comportamento excêntrico e recluso de Ludwig II era um fato conhecido para todos na corte. Em seu círculo social mais próximo, que incluía amigos como Wagner, o rei era chamado de Parsifal, o Rei do Graal, em clara referência ao mundo de fantasia pessoal no qual o monarca vivia.

Mas, afirmar que isso era apenas um comportamento pouco comum ou um problema mental é uma questão difícil. Na verdade, o diagnóstico de Ludwig como mentalmente incapaz foi dado por médicos que nunca o examinaram pessoalmente.

Um médico psiquiatra chamado Ärztliches Gutachten foi quem elaborou um relatório atestando que o rei não era capaz de governar. Para isso ser possível, o conde von Holnstein, um nobre que ocupou cargos importantes, incluindo ser o Oberststallmeister (mestre de cavalaria) do rei, forneceu informações detalhadas sobre o comportamento estranho do monarca.

Segundo ele, Ludwig II tinha comportamentos considerados anormais para sua época, fato que chamava muita atenção. Entre os comportamentos considerados excêntricos atribuídos ao rei estavam conversas com cisnes e a inversão do ciclo normal de sono, permanecendo acordado durante a noite e dormindo durante o dia.

Contexto Político

Holnstein era um nobre influente e foi muito próximo do monarca, justamente pelos cargos ocupados na corte. Portanto, ele poderia ter informações que outras pessoas não tinham sobre a sanidade do rei. Mas, a relação entre ambos era complexa e envolvia questões políticas. Inicialmente, Holnstein foi um dos conselheiros mais próximos do rei, mas com o tempo, tornou-se desiludido com Ludwig II e buscou ativamente sua destituição. 

O conde utilizou sua posição de destaque para coletar dos servos do rei uma longa lista de queixas, observações e rumores, que foram fundamentais na elaboração do relatório médico que declarava o rei incapaz de governar.

Além disso, a postura de Ludwig II, frequentemente afastado das decisões políticas e imerso em seus projetos culturais e arquitetônicos, contribuiu para o aumento das tensões políticas na corte. Sua reclusão e desinteresse pelos assuntos de Estado geraram insatisfação entre os nobres e a elite governante, que desejavam reformas e uma administração mais participativa.

Uma Perspectiva Moderna

Segundo a visão moderna, o diagnóstico de Ludwig de fraqueza mental e psicose paranoica não poderia ser sustentado atualmente. Ao invés disso, o rei poderia sofrer de outro tipo de transtorno, como esquizofrenia. É o que afirma Heinz Häfner, da Academia de Ciências de Heidelberg, fundador e chefe do Instituto Central de Saúde Mental em Mannheim, quem estudou a fundo o caso do rei, analisando documentos originais da época em 2004.

No entanto, há também a possibilidade de que ele tenha sido um visionário incompreendido, cuja paixão por projetos arquitetônicos e artísticos foi mal interpretada por seus contemporâneos. 

A Morte Misteriosa

Ludwig II foi deposto em 1886, após ser considerado incapaz de governar e declarado louco, devido ao seu diagnóstico de problemas mentais. Após sua deposição, o rei foi internado no Castelo de Berg, onde passou os momentos finais de sua vida.

Era 13 de junho de 1886, dia de Pentecostes, e o rei não teve autorização para assistir à missa. Então, seu médico Gutachten o levou para passear no parque arborizado ao redor do castelo. 

Pouco depois das 18 horas, Ludwig II lembrou ao médico que haviam planejado uma segunda caminhada, e partiram, dessa vez, sem enfermeiras os acompanhando. Nesse segundo passeio, foram andar de barco no Lago Starnberg, onde faleceram.

O Lago Starnberg e a morte de Ludwig II

Ludwig e seu médico foram encontrados mortos às 22 horas, boiando em águas rasas, poucos passos distantes da costa. Uma busca havia sigo organizada quando ambos não voltaram do passeio depois das 20 horas.

As circunstâncias exatas da morte do rei e do seu médico permanecem envoltas em mistério, dando origem a diversas teorias. Algumas hipóteses sugerem que Ludwig II teria cometido suicídio, e Gutachten teria morrido tentando impedir o rei de se suicidar. No entanto, outras teorias apontam para a possibilidade de assassinato, talvez orquestrado por adversários políticos que temiam sua volta ao poder.

Em memória do rei, foi erguida a Votivkapelle, uma Capela Votiva, em Berg, nas proximidades do local onde os corpos foram encontrados. A capela, construída entre 1896 e 1900 segundo os planos do arquiteto Julius Hofmann, é um memorial permanente que recebe visitantes até os dias de hoje.

O Legado de Ludwig II

Louco ou visionário, não há como negar que Ludwig II deixou um importante legado para a Baviera e para a própria Alemanha. Seus castelos, com destaque para Neuschwanstein, atraem milhares de turistas e movimentam a economia local.

Em 2023, os responsáveis pelo Neuschwanstein enviaram sua candidatura a Unesco, para que fosse reconhecido como patrimônio da humanidade. A candidatura foi apoiada pelos eleitores locais, que votaram a favor do status de patrimônio mundial para o castelo.

Palácio Neuschwanstein na Alemanha

E o reconhecimento veio em janeiro de 2025. Agora, é oficial: o Castelo de Neuschwanstein é Patrimônio Mundial da Humanidade, um marco que abre portas para que outras construções históricas do século XIX tenham o mesmo reconhecimento.

Um rei que sempre será lembrado

O rei Ludwig II ainda é visto por muitos bávaros como o “Kini” (termo bávaro para “rei”) por excelência, representando o auge dos “bons e antigos tempos”. Até os dias de hoje, existem associações em sua memória em toda as principais cidades da Baviera, que se reúnem regularmente e acreditam que o rei foi assassinado.

Tanto entre pessoas comuns, quanto entre representantes culturais, Ludwig II segue sendo lembrando como um monarca idealista, visionário, defensor da cultura e das artes clássicas.

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