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O Muro de Berlim: Um passeio guiado, História, Fugas Icônicas e o Impacto na Alemanha Moderna

O Muro de Berlim é um marco histórico conhecido no mundo inteiro. Principal símbolo da Guerra Fria, ele dividiu uma cidade, uma nação e o mundo todo em dois grandes blocos: o socialismo e o capitalismo. Sua existência separou vidas, e até mesmo famílias em Berlim, que por quase 30 anos foram impedidas de conviver, mesmo morando na mesma cidade.

S/w-Fotografie: Construção do Muro de Berlim proximo ao portão de Brandemburgo | Datenpartner: AlliiertenMuseum e.V. |

Sua construção afetou profundamente a vida dos berlinenses, mas sua queda em 1989 se tornou um símbolo de liberdade e união. Ainda hoje, na Alemanha atual, existem pontos turísticos ao redor do local onde ficava o muro e pessoas fazem passeios em Berlim para conhecer esses locais e entender melhor o que isso significou para o povo alemão.

No artigo de hoje, vamos mergulhar na história do Muro de Berlim, conhecer fugas icônicas que marcaram a época, descobrir curiosidades e entender os principais impactos do icônico muro na Alemanha Moderna. Prepare-se!

A História do Muro de Berlim

O Muro de Berlim foi, sem dúvidas, uma das construção mais odiada de toda a Alemanha. Mas, afinal, por que ele estava lá? Antes de tudo, é preciso lembrar que a Alemanha na época estava dividida em duas: sendo a parte ocidental controlada pelos Aliados, que venceram a Segunda Guerra Mundial, e a parte oriental controlada pela União Soviética.

S/w-Fotografie: Ausbau der Berliner Mauer am Brandenburger Tor in Berlin-Mitte | Datenpartner: AlliiertenMuseum e.V.

A construção da grande muralha que dividiu a Alemanha em República Federal da Alemanha (RFA), conhecida como Alemanha Ocidental, e República Democrática Alemã (RDA), mais conhecida como Alemanha Oriental, aconteceu no início dos anos 1960, mas precisamente em 1961.

Os líderes da Alemanha Oriental, controlada pela União Soviética, já haviam isolado a área de ocupação da URSS em Berlim desde 1952. Apesar disso, não conseguiam evitar com completo a fuga de seus cidadãos, que partiam para o lado leste capitalista, controlado pelos Aliados.

Foi para evitar que essas fugas continuassem que os líderes da Alemanha Oriental, com apoio da União Soviética, decidiram erguer um enorme muro, separando por completo a Alemanha Oriental da Ocidental.

Além disso, a construção do muro também visava conter a fuga de cérebros, mantendo talentos científicos dentro do regime socialista. Já para o lado ocidental, a existência do Muro da Vergonha, como ficou conhecido, também trazia um alívio: a certeza de que Berlim Ocidental não seria anexada pelo Regime Soviético.

A construção começou em agosto de 1961

Em junho de 1961, Walter Ulbricht, Presidente do Conselho de Estado da RDA, declarou que não havia nenhuma intenção de construir muro algum. E ele continuou negando essa informação pelos próximos dois meses.

S/w-Fotografie: Ausbau der Berliner Mauer am Brandenburger Tor in Berlin-Mitte | Datenpartner: AlliiertenMuseum e.V.

No entanto, em agosto do mesmo ano, o Exército Nacional do Povo (NVA), a Polícia Popular e grupos de combate de fábricas ergueram bloqueios na fronteira com a Berlim Ocidental, usando arrames farpados e muros de pedras.

Nos próximos dias, os alemães, e o resto do mundo, assistiram perplexos a construção de um muro de 46 Km, separando as “duas Alemanhas”. Nascia o Muro de Berlim, e ali ele permaneceria por incríveis 28 anos.

A Berlim Ocidental representava uma promessa de liberdade e vida melhor

A divisão de Berlim refletia a polarização ideológica da Guerra Fria. Berlim Ocidental, apesar de localizada em território da Alemanha Oriental, era controlada pelas potências ocidentais (Estados Unidos, Reino Unido e França) e se manteve como uma ilha de liberdade no meio do regime socialista.

Já Berlim Oriental foi a capital da Alemanha Oriental, controlada pela União Soviética. O muro se tornou um símbolo físico dessa divisão, mas também afetou profundamente as famílias, amigos e colegas de trabalho, separando-os por décadas.

Dessa forma, a Berlim Ocidental representava uma promessa de liberdade, tão próxima, mas tão distante, ao mesmo tempo. Um muro era tudo que a separava, mas era praticamente impossível de atravessar.

Como era a vida em torno do Muro de Berlim?

A vida em torno do Muro de Berlim não era fácil, nem mesmo para quem estava do lado capitalista. Pois, a Alemanha Ocidental vivia sobre o constante medo de ataques Soviéticos e do uso de armas nucleares, um pavor que marcou o mundo todo durante a Guerra Fria.

Do lado Oriental o Estado controlava tudo e todos de forma rigorosa, e a população Alemã vivia sobre a vigilância de soldados armados nos entornos do muro. Se alguém tentasse escapar, corria sérios riscos de ser preso ou morto pelo regime socialista.

Muro de Berlim, Sektorengrenze am Kirchhainer Damm zwischen Berlin-Lichtenrade und Mahlow | Datenpartner: AlliiertenMuseum e.V.

O Muro de Berlim foi construído de forma muito rápida, em um verdadeiro esforço coletivo dos soldados soviéticos. Dessa forma, Berlim foi dormir em uma noite de agosto de 1961 e acordou dividida em duas, com um muro em seu centro. Há relatos de esposas que ficaram separadas dos maridos, irmãos separados de irmãs e até mesmo mães que foram separadas de filhos recém-nascidos, pela sua rápida construção.

Se aproximar do muro era sempre um risco. Os soldados da fronteira oriental tinhas ordens para atirar. Além disso, havia mais de 1 milhão de minas terrestres nos arredores, e mesmo na região das praias de Berlim havia homens armados e cães treinados, prontos para impedir qualquer tentativa de fuga.

Dentro da Alemanha Oriental, as pessoas tinham acesso limitado a qualquer produto que viesse de países ocidentais, como os EUA. Um exemplo disso é o Trabant, um veículo produzido exclusivamente na Alemanha Oriental, para competir com o Fusca.

Construção do muro de Berlim com estruturas provisórias – AlliiertenMuseum e.V.

Além disso, as universidades da Alemanha Oriental recebiam apenas 10% da população, com preferência para quem havia servido o exército soviético. Já no jardim de infância, havia vagas para até 90% da população, pois a educação na infância eram um dos principais meios de expansão da doutrina socialista.

A queda do Muro de Berlim em 1989

A queda do Muro de Berlim foi um momento histórico que simbolizou o fim da Guerra Fria e a reunificação da Alemanha. O regime socialista da Alemanha Oriental estava em colapso. A pressão interna, as reformas na União Soviética lideradas por Gorbachev e as mudanças nos países vizinhos foram determinantes para o fim do muro.

Os protestos populares eram cada vez maiores, a Hungria havia aberto suas fronteiras, e as fugas através da Hungria e pela República Tchecoslovaca, que não vigiava as fronteiras do lado oeste, eram frequentes. Até mesmo o Papa João Paulo II mediou uma greve de trabalhadores de fábrica na Polônia, enquanto em Moscou se falava em um abrandamento da política.

Visita do presidente Americano Ronald Reagan em Berlim Ocidental Datenpartner: AlliiertenMuseum e.V.

Ao mesmo tempo, os protestos pacíficos cresciam e os governo dos EUA negociou com sucesso dois processos de desarmamento. O próprio presidente norte-americano Ronald Reagan, pediu a Gorbachev, último líder da URSS, no Portão de Brandemburgo, que o muro fosse derrubado.

E veio a ordem de abertura das fronteiras!

Com a pressão internacional crescente e uma enxurrada de protestos internos, o governo da Alemanha Oriental começou a perceber que não era mais viável manter o controle da população com a força Bruta.

Em 9 de novembro de 1989, durante uma conferência de imprensa, Günter Schabowski anunciou que as novas regras de viagem entrariam em vigor imediatamente. Isso levou milhares de pessoas a se dirigirem aos postos de controle, causando a abertura espontânea das fronteiras. O muro não fazia mais sentido. E o povo não esperou a chegada das máquinas para derrubá-lo, avançando sobre a muralha com o que tivessem em mãos.

Milhares de pessoas celebraram aquela noite, choravam de alegria, e as imagens dessas celebrações rodaram o mundo. Então, em 3 de outubro de 1990, a Alemanha foi novamente unificada, concretizando a vitória do sonho de liberdade dos berlinenses.

Fugas Icônicas pelo Muro de Berlim

Escapar da Alemanha Oriental pelo Muro de Berlim era uma tarefa arriscada. Apesar disso, algumas pessoas ficaram famosas por suas fugas bem-sucedidas, ou tentativas de fuga épicas, com suas histórias sendo preservadas ao londo do tempo.

A Fuga do Túnel 57 (1964)

Um dos métodos mais icônicos de fuga durante toda a existência do Muro de Berlim foi o uso de túneis subterrâneos. Em 1964, um túnel, conhecido como o Túnel 57, foi escavado com sucesso por um grupo de 30 cidadãos da Alemanha Ocidental para ajudar os berlinenses do lado oriental que queriam escapar.

O túnel permitiu que 57 pessoas escapassem para o lado ocidental de Berlim, um feito corajoso que exigiu planejamento e grande risco. Eram homens, mulheres e crianças, entre eles, Reinhard Furrer, que mais tarde se tornou astronauta.

Conrad Schumann, o primeiro soldado desertor

Conrad Schumann foi um soldado da Alemanha Oriental que, em 1961, tornou-se um dos primeiros desertores a pular para o lado ocidental do muro. Sua fuga, registrada por um fotógrafo, se tornou um símbolo de resistência e coragem, representando a luta pela liberdade.

O oficial saltou sobre o muro durante a sua construção, em 15 de agosto, correndo o risco de ser alvejado por seus colegas. A Alemanha havia fechado suas fronteiras apenas dois dias antes, e dois dias depois da fuga de Conrad o muro estava totalmente pronto.

Conrad Schumann viveu na Baviera, onde morreu em 1998.

O balão de Ar quente: a família Strelzyk

Se escapar por baixo do muro era comum, também houve quem tentasse fugir por cima dele, cruzando o espaço aéreo entre as duas Alemanhas. Peter Strelzyk era um engenheiro eletricista que vivia em Pössneck, uma cidade do lado da Alemanha Oriental, com sua família.

Um dia, conversando com seu amigo Günter Wetzel, pedreiro e motorista de 22 anos, ambos tiverem uma ideia: fugir pelo ar! Os amigos já queriam deixar o lado leste a um bom tempo, mas temiam a faixa de morte do muro, com suas metralhadoras automáticas, além das torres de vigia e campos minados que cercavam os rios.

Foram várias duas tentativas de fuga frustradas, Günter Wetzel até desistiu de tentar novamente, após o primeiro fracasso, quando não conseguiram inflar o balão. O segundo voo durou 34 minutos, mas o balão caiu em solo oriental e foi perdido.

Foi somente na terceira tentativa, com Günter de volta ao grupo e a Polícia do Povo procurando pelos donos do balão anterior, que caíra na floresta, que ambas as famílias, conseguirem subir no balão, após percorrer 119 km de carro e encontrar um bom local para alçar voo. Eram ao todo 8 pessoas, incluindo 3 crianças pequenas.

Apenas 28 minutos depois o terceiro balão caia em uma floresta, dessa vez em solo ocidental. Encontrados por policiais que confirmaram onde estavam, as famílias abriram uma garrafa de espumante que a mãe de Peter havia dado, após descobrirem que estavam finalmente na Alemanha Ocidental. E comemoraram ali mesmo, na delegacia de cidade de Naila, onde seu balão pousara.

A fuga do Volkswagen Beetle modificado

Entre 1964 e 1966, Kurt Wordel, um cidadão da Alemanha Ocidental, realizou uma série de operações ousadas para ajudar pessoas a escapar da Alemanha Oriental.

Utilizando três Volkswagen Beetle 1200 modificados, Wordel adaptou o porta-malas frontal dos veículos, permitindo que pessoas se escondessem durante a travessia das fronteiras fortemente vigiadas.

Ao longo de dois anos, ele conseguiu transportar com segurança 55 pessoas para o Ocidente, desafiando as rigorosas medidas de segurança impostas pelo regime soviético.

Muro de Berlim: pontos históricos para visitar na capital alemã

A cidade de Berlim não esqueceu a sua história. Embora os acontecimentos da Guerra Fria envolvendo o muro da vergonha sejam coisas que berlinenses nunca mais queiram rever, a cidade mantém pontos históricos bem preservados em locais importantes do Muro de Berlim, sendo locais muito procurados por pessoas do mundo todo interessadas em viajar para Berlim e conhecer sua história.

Então, aproveite e confira a seguir alguns pontos históricos imperdíveis para conhecer ao visitar a cidade, e entender melhor sua história!

A parte mais longa remanescente do muro, coberta por grafites que celebram a liberdade. Ao todo, 118 artistas de 121 países diferentes pintaram sobre o que sobrou do lado leste do muro, após a sua queda em 1989.

É simplesmente a  maior galeria ao ar livre do mundo! O visitante pode ver pinturas emblemáticas, que contam histórias de liberdade e outras mensagens para o povo Europeu, As pinturas, que começaram no verão de 1990, atraem pessoas até os dias de hoje.

Checkpoint Charlie

O  posto de controle militar mais famoso entre Berlim Oriental e Ocidental, hoje abriga um museu a poucos metros de distância. Checkpoint Charlie era a principal entrada para diplomatas e outras pessoas com permissão para cruzar a fronteira entre as duas Alemanhas.

No Museu anexo, fundado por Rainer Hildebrandt em 1962, para documentar o Muro de Berlim, o visitante encontra diferentes exposições, com murais repletos de fotos históricas e informações, contando ainda com instalações que apresentam reproduções detalhadas dos métodos de fuga utilizados para escapar da Alemanha Oriental. Vale a pena uma visita!

Memorial do Muro de Berlim

Um memorial ao longo da Bernauer Strasse que mostra a divisão original e homenageia as vítimas. A exposição ao ar livre se localiza de forma precisa na antiga faixa de fronteira entre as duas Alemanhas.

Nesse local, o visitante pode conferir:

  • Um monumento oficial em memória da cidade dividida e as vítimas do regime socialista;
  • A Janela das Lembranças;
  • A Capela de Reconciliação;
  • Restos escavados das fundações de um prédio de apartamentos que fazia parte da fachada do muro.

Do lado oposto da rua, na Berlim Ocidental, há o Centro de Visitantes e o Centro de Documentação, onde há uma antiga torre de vigia e uma exposição permanente sobre o Muro de Berlim.

Museu da RDA

Um museu interativo que mostra como era a vida em Berlim Oriental durante o regime comunista. O melhor sobre essa atração, é que os visitantes podem tocar e sentir as peças de perto, tendo uma ideia vívida de objetos e situações que faziam parte da vida cotidiana na Alemanha Oriental.

Entre as principais atrações do RDA, é possível experimentar:

  • A simulação de direção em um carro Trabant P601 original.
  • Reconstrução mobiliada de um edifício histórico com objetos autênticos.
  • Atividades interativas para todas as idades.
  • O monumental afresco “In Praise of Communism”.
  • Uma exposição de artefatos históricos que você tocar e experimentar.

Algumas curiosidades sobre o Muro de Berlim

  • Comprimento total: o Muro de Berlim tinha 155 km de extensão, com 127 km de cercas elétricas e sinalizadores.
  • Altura: o muro tinha cerca de 3,6 metros de altura.
  • Largura: entre 30 a 50 metros, com um amplo espaço interno para os soldados.
  • Mortes registradas: mais de 140 pessoas morreram tentando atravessar o muro. Mas, fontes não oficiais sugerem que esse número pode ser maior que 1000.
  • Elementos de segurança: o muro era protegido por torres de vigilância, cercas de arame farpado, trincheiras anti-veículos e minas terrestres.
  • Torres de vigia e cães de guarda: ao todo, o muro tinha 302 torres de vigia e contava com 259 cães de guarda.
  • Bunkers e soldados: havia 20 bunkers subterrâneos sob o murro, e mais de 11000 soldados para controlar a fronteira.

Conte com nosso serviço de apoio!

Se você deseja se aprofundar na história do Muro de Berlim, disponibilizamos passeios guiados sob medida, conduzidos por guias brasileiros especializados.

Com essa experiência, você poderá explorar os principais marcos históricos, recebendo explicações completas sobre o contexto e descobrindo curiosidades que vão além das informações dos guias convencionais.

Nossos pacotes de viagem pela Alemanha personalizados incluem:

  • Visitas guiadas em português aos principais locais históricos.
  • Dicas culturais e gastronômicas para aproveitar Berlim.
  • Roteiros personalizados, como um tour da segunda guerra na Alemanha.
  • Compra de ingressos.
  • Transfers.
  • Acompanhamento, passeios.

Conclusão

O Muro de Berlim não é apenas mais um capítulo da história da Alemanha, mas um lembrete poderoso das divisões ideológicas que marcaram o século XX. Portanto, conhecer sua história e visitar seus marcos é uma experiência enriquecedora para qualquer viajante.

Quer conhecer o Muro de Berlim e outras atrações históricas da Alemanha? Entre em contato! Teremos grande prazer em atendê-lo e montar um tour incrível, conforme seus interesses!

Conhecer Berlim é muito melhor quando você não precisa se preocupar com rotas de viagem e barreiras linguísticas. Aproveite!

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